TERESA SEGURADO PAVÃO                                                                                                                                                                 

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O NÚMERO SEGUINTE

A coleção, segundo a sua definição enciclopédica, é “um conjunto de objetos classificados”. Objetos naturais ou artificiais que se devem agrupar segundo critérios que poderão ser informados por metodologias de ordem científica, ou por um gosto ou sentimento pessoal. Tratando-se de objetos utilitários devem ser privados da sua utilidade e protegidos num espaço de exposição, público ou privado.
A coleção constitui-se no entanto, e para além da sua mera definição enciclopédica, como fenómeno cultural e complexo, geralmente resultante de uma propensão individual e subjetiva para a acumulação, decorrente de um forte instinto de propriedade, não só fomentado como validado pela sociedade de consumo em que nos situamos.
A escolha da artista em apresentar um projeto num cofre de um antigo banco, local indissociável da propriedade e acumulação individual, é sintomática deste sentir e pensar um colecionismo individual movido por gostos - um arquivo pessoal que constrói uma narrativa de memória.
As obras de Teresa Pavão movem-se concetualmente nos territórios da arte e do design, entre o decorativo e o utilitário. Nesta exposição a artista instala a sua “coleção”, que o visitante poderá entender como uma linguagem que tenta desvendar o significado de um grupo de objetos, mas também a relação entre o seu caráter utilitário e o seu caráter simbólico.
A serialidade das peças, coincidente com os números dos cofres, parece indicar essa necessidade de classificação, mas ao acrescentar o número seguinte (os cofres terminam no número 3552) o – 3553 - número/nome da exposição deixa em aberto a continuidade, como dizendo que uma coleção nunca está terminada, tal como o trabalho de uma artista.
É pela partilha deste momento, e com o desejo da continuidade de trabalho, que deixo um agradecimento especial à Teresa Pavão. Não quero também deixar de congratular o Jacinto Lucas Pires, que colabora com dois belíssimos contos no catálogo, e o fotógrafo Eurico do Vale pelas fotografias que documentam de forma exemplar as peças em exposição.


Catarina Vaz Pinto



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